Oi Pessoal!
O encontro do Grupo do dia 18/06 está cancelado. O professor Jailson foi convocado para uma reunião do PET, no horário em que acontecem as nossas discussões.
Para o próximo encontro, retomaremos o trabalho com a obra "Arqueologia do Saber", capítulo 1 "As unidades do discurso".
Até lá,
Abraços!
domingo, 16 de junho de 2013
terça-feira, 11 de junho de 2013
Resumos das discussões para Download.
Pessoal, segue abaixo os links para o download dos resumos acerca das primeira discussões de textos do Grupo.
Abraços,
Carol.
http://www.mediafire.com/?prtin3152be3jna (Foucault - Introdução do Arqueologia do Saber)
http://www.mediafire.com/?uccfj6c5709ftfg (Patricia O'brien - A história cultural de Michel Foucault)
http://www.mediafire.com/?d7tn5fjg893nazk (Carlo Ginzburg - Introdução do Relações de Força)
Abraços,
Carol.
http://www.mediafire.com/?prtin3152be3jna (Foucault - Introdução do Arqueologia do Saber)
http://www.mediafire.com/?uccfj6c5709ftfg (Patricia O'brien - A história cultural de Michel Foucault)
http://www.mediafire.com/?d7tn5fjg893nazk (Carlo Ginzburg - Introdução do Relações de Força)
terça-feira, 4 de junho de 2013
Texto sobre o Texto Do Michel Foucault - Arqueologia do Saber.
Pessoal, segue abaixo mais um texto, escrito pelo professo Jailson, com reflexões acerca da leitura da Introdução do Livro Arqueologia do Saber - Michel Foucault.
Abraços,
Carol.
A
arqueologia do saber: algo do plano da obra na sua introdução.
Foucault abre o texto relembrando que os
historiadores estão familiarizados com o trabalho que se dedica à explicação de
longos períodos, eras, idades. Para dar vida a essa tarefa, eles operam com
instrumentos e modelos que criaram ou receberam de outros saberes. Agem como se
desejassem atravessar os desencontros da história buscando encadear os fatos,
estabelecer sequências necessárias à inteligibilidade do tempo, da
historicidade das coisas. Para Foucault, no entanto, o campo da História estava
vivendo uma mutação que se insinuava na explosão de novas questões, cada mais
incontornáveis, no exercício da prática historiográfica. Essas questões
extrapolavam o antigo gesto de encadeamento (dos eventos, das séries, da
cronologia) que caracterizava o trabalho da História até então. Elas não
buscavam apenas promover a emersão de uma relação (entre eventos ou objetos,
por exemplo) definida a priori. Indo além, esse “novo tipo de racionalidade” preocupava-se
com o descontínuo, com a ruptura, com o desencaixe.
Dito
de outro modo, o historiador estava a libertar-se de sua obsessão pela
regressão, pela origem, pelas causas primeiras. Essa nova maneira de praticar a
arte de pensar/escrever a história exigia e provocava deslocamentos e
transformações nos conceitos. Por esse modo, Foucault questionava a validade
sacralizada dos conceitos. Para ele, “a
história de um conceito não é, de forma alguma, a de seu refinamento
progressivo, de sua racionalidade continuamente crescente, de seu gradiente de
abstração, mas a de seus diversos campos de constituição e de validade, a de
suas regras sucessivas de uso, a dos meios teóricos múltiplos em que foi
realizada e concluída sua elaboração (Arqueologia, p. 5). Foucault estava
indagando os historiadores acerca das condições de emersão de várias formas de
encadeamento dos eventos, dos processos (séries de séries) e, portanto, da
possibilidade de existência de passados múltiplos. Para avançar esse processo
de problematização dos conceitos, precisamos estar atentos a maneira como o
historiador lida com os documentos. Superamos o tempo no qual “o documento sempre era tratado como uma
linguagem de uma voz agora reduzida ao silêncio: seu rastro frágil, mas, por
sorte decifrável” (Arqueologia, p. 7). E continuando, “o documento não é o feliz instrumento de uma história que seria em si
mesma, e de pleno direito, memória; a história e, para uma dada sociedade, uma
certa maneira de dar status e elaboração à massa documental de que não se
separa”. (Arqueologia, p.8). Essa nova maneira de trabalhar o documento e
de pensar a história, a partir das
descontinuidades, segundo Foucault, trouxe quatro consequências:
1-
Apresenta novas formas de arrumação do
passado (fazendo emergir novas categorias como limiar, ruptura, corte, mutação,
transformação). Fazer história não é mais apenas encadear os acontecimentos; é,
antes, entender as relações que permitem a sua serialização; é perceber os
limites dessas séries.
2-
A noção de “descontinuidade” assume um
lugar de destaque na compreensão da história. O descontínuo, que antes era
visto como um dado impensável, passou a ser ponto de interesse da a história.
Isso ocupa o trabalho do historiador de três formas: (a) o historiador procura,
e não mais evita ou ignora, a descontinuidade; (b) o historiador incorpora o
descontínuo à sua descrição; (c) ele considera a descontinuidade um conceito
pertinente, e não um estorvo à lógica histórica.
3-
A escrita da história evanesce a
“história global” enquanto ilumina a “história geral”. Dito de outro modo,
abandona-se a ideia de um reconstituição do conjunto das civilizações, das
relações, das leis que explicam sua coesão (história global). Procura-se,
antes, determinar as formas de relações que podem ser, legitimamente, erigidas.
4-
A assunção da descontinuidade associa-se
aos problemas de ordem metodológica que desembocam na dificuldade de construção
de corpus de documentos. Afinal, como serializar aquilo que se refere ao
descontínuo?
Não
devemos, porem, pensar que esses problemas afligem apenas à história. Eles
podem ser encontrados em outros campos, como a linguística, a etnologia, a
economia, etc. O desafio é pensar o diferente, o singular, o descontínuo. Isso
é um desafio porque estamos acostumado a pensar a continuidade como requisito à
fundação do sujeito, pois ele se insinua na recorrência, na unidade, na
permanência. Ocorre que vemos a descentralização do sujeito, que se torna,
então, diverso. Marx, a psicanálise, a linguística são exemplos dessas
diversidades do sujeito.
Foucault
encerra a introdução alertando os riscos do trabalho com as descontinuidades.
Para ele, não se pode usar essas categorias “de maneira demasiado manifesta”,
sob pena de “assassinato da história”, usando, ideologicamente, o saber
histórico. Ele admite os riscos e desafios desse trabalho de pensar o
descontínuo, mas convida-nos a enfrentá-lo.
domingo, 28 de abril de 2013
Reunião do dia 30.04 - Cancelada
Pessoal, o Prof. Jailson me pediu pra avisar que nessa segunda não haverá aula de Moderna II e que a reunião do Grupo de Estudo tbm foi cancelada. Nós nos reuniremos somente próximo terça (passando essa, na outra). Continuaremos o mesmo texto da Patrícia O'Brien, sobre o Foucault.
No mais é isso, abraços!
Ps.: Avisem aos seus coleguinhas!
No mais é isso, abraços!
Ps.: Avisem aos seus coleguinhas!
sábado, 27 de abril de 2013
Reunião do dia 30/04
Pessoal, nessa terça, dia 30/04, o professor Jailson estará ausente, participando de um evento em Recife. Por isso não teremos reunião do grupo de estudos nessa data, mas ele propôs que nosso encontro ocorra na quinta, dia 02/05, com a introdução da obra "A arqueologia do saber".
Todos podem?! Deixem nos comentários! (=
Até!
Todos podem?! Deixem nos comentários! (=
Até!
quarta-feira, 24 de abril de 2013
"A história cultural de Michel Foucault” - Patricia O’Brien
Segue mais um resumo dos nossos encontros - realizado no dia 23 de abril - confeccionado pelo professor Jailson.
Boa Leitura!
***
2- Muitos outros, no entanto, rejeitam a obra foucaultiana condenando sua “... falta de método, o menosprezo pelos dados, a obscuridade filosófica, a linguagem singular, as simplificações excessivas e as abstrações, que para eles refletem a falta de validade histórica da obra de Foucault.” (p. 41). Essas críticas, embora possam ter alguma validade, parecem superficiais, pois não compreendem o radicalismo da proposta foucaultiana que visa problematizar as próprias estruturas de significação da História. Dito de outro modo, Foucault se interessa por questionar a validade das convenções. Isso implica questionar as próprias ordenações do conhecimento; destronar a naturalidade dos discursos (da ciência, inclusive). Foucault deseja “pensar o pensamento”. Por isso ele não vai de continuidade em continuidade, de evento em evento. Mas, ao contrário, ele vai em busca das descontinuidades, rompe as linearidades, vilipendia o sagrado totem da cronologia. Para O’Brien, “suas obras constituem uma surpreendente análise da civilização ocidental em termos de normalização e disciplina.” (p.44) Foucault deseja estudar as formas de subjetivação, ou seja, ele se interessa em saber como “os seres humanos são transformados em sujeito” (p.45). O poder, ponto fulcral na obra foucaultiana, se apresenta como um objeto que não pode ser reduzido à atuação do Estado ou das classes dominantes. O poder é uma tessitura de microrrelações. Não é apenas o aspecto repressor da sociedade. É também um elemento de criação, porque cria sujeitos, estratégias de subjetivação. Foucault sofre duras críticas, sobretudo dos marxistas, por explodir a noção de Estado. No entanto, a concepção foucaultiana não aceitava nada como um “dado dado”; um objeto fechado, pronto, acabado, inquestionável. Um ponto firme e natural, a partir do qual o edifício de interpretação podia ser erigido com segurança e firmeza. Muito pelo contrário, para Foucault as coisas existem numa rede de discursos que tornam os objetos visíveis e dizíveis: “O Estado, o corpo, a sociedade, o sexo, a alma e a economia não são objetos estáveis, são discursos: meu tema geral não é a sociedade, mas sim o discurso verdadeiro/falso: (...) o que me interessa não é simplesmente essa formação, mas os efeitos da realidade que são a ela atribuídos” (p.47-8). O método foucaultiano (“genealógico”) impunha a busca pelo começo e não pela origem. “As origens implicam causas, os começos implicam diferenças.” (p.49). Para o historiador, isso significa redefinir sua relação com o tempo, esquecendo a linearidade causal que apontava sempre para um passado inerte e distante que se autojustificava como causa primeira. Avançando seu método, problematizando constantemente a organização sistêmica dos objetos e a relação “as palavras e as coisas”, Foucault “abandonou estruturas por formas e funções e, ao fazê-lo, livrou-se das confortáveis amarras positivistas da escrita da história”. (p.57)
Boa Leitura!
***
"Coleg@s,
bom encontro o dessa tarde. Falar do Foucault é sempre um desafio pra nossa
cabeça modorrenta. Espero que tenhamos crescido um pouco com os comentários
acerca do texto da professora O’Brien.
A
seguir, separamos alguns pontos que julgamos importantes para aquel@s que se
ausentaram hoje.
Antes,
porém, algo sobre a professora O’Brien:
Patricia
O’Brien- dedica-se aos estudos sobre a civilização ocidental, focando seu olhar
sobre temas como prisão e punição, crime
e teoria cultural. É especialista em História cultural francesa, atua junto à
Universidade da Califórnia e mantém contatos com muitos outras instituições
como Yale University e a École des Hautes Études en Sciences Sociales, in
Paris.
O
texto “A história cultural de Michel
Foucault”, de Patricia O’Brien, foi publicado no começo dos anos 1990.
Nele, a autora busca mapear a recepção que as obras de foucaultianas tiveram na
“tribo dos historiadores”, a partir de 1961, quando Foucault lançou “História
da Loucura”. No tenso mundo do pó-guerra, a percepção da História insinuada por
Foucault se distanciava tanto do paradigma marxista quanto dos preceitos dos annales e, talvez por isso, estivesse
tão sujeita às críticas e rejeições. Nos dois modelos interpretativos, pairava
um receio de que a história da cultura pós-annales e pós-marxismo desembocasse
num relativismo absoluto e inócuo, que poderia transformar a história no campo
do irrelevante e descompromissado.
Para
O’Brien, no entanto, mais do que tentar encaixar Foucault num modelo de
interpretação da História, o importante é perceber: (1) a relação entre
Foucault e os historiadores “profissionais” (nunca é demais lembrar que
Foucault não era um historiador de profissão); (2) conquistas e fracassos do
Foucault enquanto historiador; e (3) as influências de Foucault - e a
perspectiva de continuidade dessa - sobre a escrita da História.
Sobre esses aspectos, destacamos:
1- A recepção à obra foucaultiana
tem sido “conflitante”. Mas, já a partir dos anos 1970, ainda que de forma
relutante, ele começa a ser reconhecido pelos historiadores. Continuadores dos
annales aproximam-se dele, destacando suas análises sobre temas e objetos
inusuais como a loucura. Do mesmo modo, marxistas destacam sua crítica às
instituições (a exemplo da prisão, da clínica...) como uma denúncia do controle
social, tema clássico do marxismo. Reticente ou não, o fato é que Foucault foi
sendo interlocutor, ainda que por vezes incômodo, que passou a ser ouvido por
muitos historiadores.
2- Muitos outros, no entanto, rejeitam a obra foucaultiana condenando sua “... falta de método, o menosprezo pelos dados, a obscuridade filosófica, a linguagem singular, as simplificações excessivas e as abstrações, que para eles refletem a falta de validade histórica da obra de Foucault.” (p. 41). Essas críticas, embora possam ter alguma validade, parecem superficiais, pois não compreendem o radicalismo da proposta foucaultiana que visa problematizar as próprias estruturas de significação da História. Dito de outro modo, Foucault se interessa por questionar a validade das convenções. Isso implica questionar as próprias ordenações do conhecimento; destronar a naturalidade dos discursos (da ciência, inclusive). Foucault deseja “pensar o pensamento”. Por isso ele não vai de continuidade em continuidade, de evento em evento. Mas, ao contrário, ele vai em busca das descontinuidades, rompe as linearidades, vilipendia o sagrado totem da cronologia. Para O’Brien, “suas obras constituem uma surpreendente análise da civilização ocidental em termos de normalização e disciplina.” (p.44) Foucault deseja estudar as formas de subjetivação, ou seja, ele se interessa em saber como “os seres humanos são transformados em sujeito” (p.45). O poder, ponto fulcral na obra foucaultiana, se apresenta como um objeto que não pode ser reduzido à atuação do Estado ou das classes dominantes. O poder é uma tessitura de microrrelações. Não é apenas o aspecto repressor da sociedade. É também um elemento de criação, porque cria sujeitos, estratégias de subjetivação. Foucault sofre duras críticas, sobretudo dos marxistas, por explodir a noção de Estado. No entanto, a concepção foucaultiana não aceitava nada como um “dado dado”; um objeto fechado, pronto, acabado, inquestionável. Um ponto firme e natural, a partir do qual o edifício de interpretação podia ser erigido com segurança e firmeza. Muito pelo contrário, para Foucault as coisas existem numa rede de discursos que tornam os objetos visíveis e dizíveis: “O Estado, o corpo, a sociedade, o sexo, a alma e a economia não são objetos estáveis, são discursos: meu tema geral não é a sociedade, mas sim o discurso verdadeiro/falso: (...) o que me interessa não é simplesmente essa formação, mas os efeitos da realidade que são a ela atribuídos” (p.47-8). O método foucaultiano (“genealógico”) impunha a busca pelo começo e não pela origem. “As origens implicam causas, os começos implicam diferenças.” (p.49). Para o historiador, isso significa redefinir sua relação com o tempo, esquecendo a linearidade causal que apontava sempre para um passado inerte e distante que se autojustificava como causa primeira. Avançando seu método, problematizando constantemente a organização sistêmica dos objetos e a relação “as palavras e as coisas”, Foucault “abandonou estruturas por formas e funções e, ao fazê-lo, livrou-se das confortáveis amarras positivistas da escrita da história”. (p.57)
3- As
críticas ao pensamento foucaultiano permanecem. Seu método, por vezes,
mostra-se insuficiente para suas ambições. Mas esse aspecto é um dos pontos,
paradoxalmente, que tem atraído estudiosos, na França e na Inglaterra
particularmente, para a órbita gravitacional das ideias foucaultianas. Uma das
contribuições claras da obra de Foucault aos novos estudos da História Cultural
diz respeito à maneira como ele encarou o papel da linguagem/discurso como
dispositivo de poder. Muitos temas (masturbação, loucura, linguagem,
doentes...) ganharam destaque na historiografia influenciados pela escrita
foucaultiana. Sua obra não desemboca num relativismo absoluto, como temiam uns
e afirmam outros. Muito pelo contrário Foucault nos ajudou a pensar
instrumentos para a reflexão crítica sobre nossa historicidade, sobre nós
mesmos.
O’BRIEN,
Patricia. A História Cultural de Michel
Foucault- In: HUNT, Lyn Hunt (org.). A nova História
Cultural. São
Paulo: Martins Fontes, 2001.
É
isso, até terça, se Deus quiser"
Um pouco sobre: Michel Foucault
"Michel Foucault nasceu em 1926 em Poitiers, no
sul da França, numa rica família de médicos. Aos 20 anos foi estudar psicologia
e filosofia na École Normale Superieure, em Paris, período de uma passagem
relâmpago pelo Partido Comunista. Obteve o diploma em psicopatologia em 1952,
passando a lecionar na Universidade de Lille. Dois anos depois, publicou o
primeiro livro, Doença Mental e Personalidade. Em 1961, defendeu na
Universidade Sorbonne a tese que deu origem ao livro A História da Loucura.
Entre 1963 e 1977, integrou o conselho editorial da revista Critique. Em meados
dos anos 1960, sua obra começou a repercutir fora dos círculos acadêmicos.
Lecionou entre 1968 e 1969 na Universidade de Vincennes e em seguida assumiu a
cadeira de História dos Sistemas de Pensamento no Collège de France, alternando
intensas pesquisas com longos períodos no exterior. A partir dos anos 1970,
militou no Grupo de Informações sobre Prisões. Entre suas principais obras
estão História da Sexualidade e Vigiar e Punir. Foucault morreu de aids, em
1984"
Acessem o Portal Michel Foucalt: http://portail-michel-foucault.org/?lang=fr e também o site http://www.michelfoucault.com.br/ - ambos disponibilizam uma série de arquivos, incluindo áudio e vídeo, sobre tudo que gravita sobre Foucault.
terça-feira, 23 de abril de 2013
Calendário dos textos.
Pessoal,
como todos sabem o grupo se reúne todas as terças-feiras, as 14h, na sala da Revista Ameríndia. Então vou colocar aqui um calendário com os próximos textos a serem discutidos. Não esqueçamos que podem ocorrer contratempos, mas por enquanto tudo segue como o planejado.
Próximos textos para discussão:
No mais é isso, Abraços!
Por ordem, os textos devem ser os seguintes:
16. 04- Relações de força, do Ginzburg (devemos terminar de ler a Introdução desse texto que trata das relações entre prova, história e retórica)
23.04 - A Nova História Cultural, livro organizado pela Lynn Hunt, devemos ler o capítulo destinado a "a história cultural de Michel Foucault". Aqui a autora Patricia O'brien faz um apanhado da recepção que os trabalhos foucaultianos tiveram dentro e fora do grupo de historiadores (para além das fronteiras europeias). É ainda uma oportunidade pra saber um pouco acerca de conceitos e perspectivas usadas por Foucault.
07.05 - A Arqueologia do Saber (colocamos o livro completo), o que certamente demandará tempo e esforço. Mas julgo válido o empenho para entender as relações que o Foucault tece entre discursos, enunciados e outros dispositivos da linguagem e como ele mesmo questiona se o seu fazer não seria apenas mais um capítulo no livro da história das ideias. É possível que avancemos lentamente, ou mesmo que optemos por uma outra metodologia, como uma exposição, pra discutir essa obra.
Vamos voltar ao "Nova História Cultural", livro organizado pela Lynn Hunt. Dessa feita, no entanto, vamos nos debruçar sobre o texto "Literatura, crítica e imaginação..." do Lloyd Krammer. O importante é entender um pouco do percurso epistemológico traçado por dois dos mais importantes expoentes dos debates acerca da relação história-linguagem. Dominick Lacapra e Hayden White questionam mundo dos primados clássicos da história, afirmando, por exemplo, que a história é, antes de mais, um gesto imaginativo. A escrita da história, tal qual a literária, não se separa da imaginação.
14.05- Fernado Catroga. "Os passos do homem como restolho do tempo". Vamos trabalhar seu primeiro capítulo, "recordação e esquecimento", no qual ele acrescenta novas ideias acerca de antigos debates, como esses que dizem respeito à memória e sua dimensão seletiva.
21.05- Fontes históricas (diversos autores). Não penso em trabalhar esse livro todo, mas aqueles capítulos que sejam escolhidos por uma ou mais participante do grupo. Como o texto se propõe a apresentar a relação do historiador com diferentes fontes, acho justo que escolhamos os capítulos por afinidade com o tipo de fonte que desejamos conhecer.
25.05 - Há ainda um interesse em conhecer o Koseleck.
Qualquer alteração publicamos aqui..
No mais é isso, Abraços!
segunda-feira, 22 de abril de 2013
“Relações de Força” - Carlo Ginzburg
"Pensamos em criar um blog para dar mais visibilidade e suscitar discussões além dos nossos encontros semanais. Espero que possamos desenvolver nossas leituras e ajudarmos uns aos outros. Cada encontro terá um pequeno resumo postado aqui, um pequeno texto que nos mostre alguns pontos importantes que foram analisados nos nossos encontros"
(Carolina Abreu - Integrante do G.E.P.H.T.D)
Sendo assim, aqui vai um resumo feito pelo prof. Jailson sobre o encontro no qual foi discutido a introdução da obra de Carlo Ginzburg "Relações de Força".
(Carolina Abreu - Integrante do G.E.P.H.T.D)
Sendo assim, aqui vai um resumo feito pelo prof. Jailson sobre o encontro no qual foi discutido a introdução da obra de Carlo Ginzburg "Relações de Força".
Boa Leitura!
***
Em primeiro lugar, buscamos destacar algumas razões que levam o autor
a escrever o texto. Para nós, parece claro que as preocupações de Ginzburg,
destacadamente nos seus trabalhos mais recentes, se direcionam para uma
ponderação e um questionamento do papel dos documentos e dos discursos no fazer
do historiador. Em textos como “O queijo e os vermes” e “Mitos, emblemas e
sinais”, por exemplo, o autor italiano reflete sobre pressupostos
teórico-metodológicos que informam o ofício do historiador.
Na estrutura da Introdução de “Relações de Força”, Ginzburg optou por
organizar seus argumentos em pequenos pontos (treze ao todo), que se comunicam
entre si e que refletem sobre a relação entre “História, retórica e prova”
pensando como esses elementos foram interpretados em momentos e realidades
distintas, com exemplos e citações que vão desde a Antiguidade até o século XX.
Desses 13 pontos, destacamos os seguintes aspectos:
Primeiro Ponto- O autor
lembra que, hoje, a relação entre a História e a Retórica esvaziou a
necessidade da prova. Isso ocorre porque a Retórica parece ter assumido uma
autonomia, em si, como campo de construção de sentidos. Para Ginzburg, essa
visão da retórica apartada da prova precisa ser problematizada. Para ele, no
passado, a Retórica necessitava da prova; caso contrário ela se esvaziaria,
tornando-se um discurso sofístico, enganador.
Segundo Ponto- Essa
primazia da retórica sobre a prova (e por vezes sobre a História) ameaça arrastar
a reflexão histórica para um relativismo absoluto, no qual a dimensão narrativa
se sobressai. Para o autor, essa não é uma questão apenas de teoria e
metodologia da História, pois ela diz respeito à maneira como nós nos colocamos
diante da questão do outro. Se o relativismo absoluto é válido, estamos
obrigado a aceitar, sem questionar, tudo que vem do outro? “aceitar a existência de costumes e valores diversos dos nossos parece
a muitos ato obrigatório; aceitá-los sempre e de qualquer jeito parece a alguns
(entre os quais eu me incluo) intolerável” (p. 14)
Terceiro Ponto- Tomando uma
reflexão de Nietzsche acerca da “Guerra do Peloponeso”, de Tucídides, Ginzburg
retoma um argumento ateniense para justificar a invasão contra os Mélios.
Segundo tal argumento: é justo que o mais forte prevaleça sobre o mais fraco.
(“O justo nas discussões entre os homens só prevalece quando o interesse de
ambos os lados são compatíveis”).
Quarto Ponto-Quando isso
não ocorre, quer dizer, quando não há consenso, os mais fracos são dominados
pelos mais fortes. Nesse sentido, embaçam-se as distinções entre justiça e
poder, graças às artimanhas da Retórica. A retórica, portanto, distorce a
justiça.
Quinto Ponto- Avançando a
reflexão sobre a relação entre retórica e poder, retórica e justiça, Ginzburg
vai buscar em Platão e Sócrates (Górgias) uma forma de questionar a validade da
retórica em si: “Da retórica, dissera
Sócrates no final de Górgias (527 a.C), ‘se deve sempre fazer uso visando a
justiça, assim como de qualquer outra atividade’.” ( p.23). Então Ginzburg se aproxima ainda mais de Nietzsche para
pensar seu texto “acerca da verdade e da
mentira”. Nietzsche, que deixara esse texto incompleto e o abre em tom
fabuloso, expunha suas críticas ao conhecimento e a pretensa sensação de
centralidade/superioridade da humanidade. A questão lançada no texto é: “o que
é então a verdade?”
Sexto Ponto- Para
Nietzsche, a verdade se apresenta como uma convenção. “um exército móbil de metáforas e metonímias (...) reforçadas poética e
retoricamente. As verdades são ilusões das quais se esqueceu a natureza
evasiva” (p. 24-25). Então Nietzsche põe a verdade em relação direta coma
linguagem (retórica e poética), argumento e beleza. Estilo, enfim.
Sétimo Ponto- Ginzburg
retoma trechos do texto nietzscheano, cruzando com dados da sua biografia,
marcada pela ascendência religiosa. Essa ascendência levara Nietzsche a pensar
que a história responderia as grandes questões religiosas e filosóficas.
Desencantado com os limites do pensar histórico, a linguagem, sua estrutura de
significação, ganha destaque no pensamento nietzscheano como forma de validar o
mundo, embora haja sempre os limites da “tradução”.
Oitavo Ponto- Por isso a
exegese, seja ela espiritual ou literal, não ultrapassa os limites da
linguagem. É preciso conhecer os tropos da linguagem para compreender as suas
anfibologias (duplicidade de sentidos)
Nono Ponto- A duplicidade
não se separa da dubiedade. O exemplo de Paul de Man, um crítico literário
famoso por suas ideias desconstrucionistas e que, depois de sua morte, teve
desvelada sua produção antissemita e colaboracionista serve como ponto de
inflexão para Ginzburg questionar, novamente, o relativismo absoluto. De Man
tinha razões para tentar fugir da sua própria história. Desconstruir a história
e também desconstruir sua condição de sujeito.
Décimo Ponto- O ceticismo
de Nietzsche é limitado. “Nietzsche
postula tacitamente a existência de um mundo único dominado por uma luta
implacável pela sobrevivência” (p. 37).
Décimo Primeiro Ponto- Os
limites do relativismo são cognitivos e político-morais. Cognitivo porque anula
a si mesmo. Político-moral porque aponta para uma “equidade” que, no fundo,
torna-se uma recusa à responsabilidade que temos de assumir uma postura crítica
e política diante do mundo.
Décimo Segundo Ponto- A Retórica caiu em descrédito no século
XVIII (Ilustração) e assim continuou até o final do século XX. Agora retomada,
ela parece dispensar sua própria história, negando sua relação com a prova.
Nesse sentido, corre-se o risco de simplificar o sentido e a função do
conhecimento, restringindo-o ao “exercício brutal do poder”. (p. 43). É preciso
trazer a retórica não como um dado em si, um discurso que diz a si mesmo e aos
outros. É preciso transformá-la, novamente, em objeto e instrumento da
história. Aproximá-la do “trabalho concreto
dos historiadores” (p.14, começo do texto).
Décimo Terceiro Ponto- Isso
coloca a questão dos documentos, novamente, em evidência no trabalho do
historiador. Sem as fontes, esvaziam-se os objetos e instrumentos da história.
Para encerrar, vaticina Ginzburg expondo sua convicção na nulidade do
relativismo absoluto diante da vida, da política e do conhecimento histórico: “as fontes não são nem janelas escancaras,
como acreditam os positivistas, nem muros que obstruem a visão, como pensam os
céticos: no máximo poderíamos compará-las a espelhos deformantes. A análise da
distorção específica de qualquer fonte implica já um elemento construtivo. Mas a
construção (...) não é incompatível com a prova; a projeção do desejo, sem o
qual não há pesquisa, não é incompatível com os desmentidos infligidos pelo
princípio de realidade. O conhecimento (mesmo o conhecimento histórico) é
possível”. (p. 44-45)
GINZBURG, Carlo. Relações de força: história, retórica, prova. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
GINZBURG, Carlo. Relações de força: história, retórica, prova. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
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